segunda-feira, 9 de agosto de 2010

BALELA, BOATO, BAGATELA E BLABLABLÁ: o que mais envolve o estaleiro do Eike Batista?

Por Raul Longo (Jornalista, escritor, residente em Sambaqui)

Assinada por Simone Rabello - Relações com a imprensa da OSX - uma resposta (em 26/07/10) ao artigo do leitor Júlio César Cardoso* do O Globo, com o título “Beleza ameaçada”:  veja aqui.

Comentando os argumentos da OSX, organizados pela Simone em três itens, nos estenderemos de um a um por partes. Nesta primeira, o item “A”, aqui transcrito:

"A)   Os impactos ambientais do empreendimento foram identificados no estudo do Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) disponível em nosso site, devendo ser objeto de medidas mitigatórias e compensatórias cabíveis, conforme a lei e os padrões de sustentabilidade do Grupo EBX."

Balela. O Relatório de Impacto Ambiental da OSX não é capaz de identificar nem mesmo as espécies de peixes que o empreendimento exterminará, conforme revela o oceanógrafo Leopoldo Cavaleri Gerhardinger, doutorando pela UNICAMP e com especialização na University College London, considerando o mesmo EIA/RIMA elaborado pelos especialistas arranjados pela OSX para envolverem os interesses do Eike Batista na região através de:

Um indicador da falta de cuidado e incompetência técnica dos meus colegas se percebe na lista total de espécies de peixes marinhos presentes na área. De um total de 52 espécies listadas no EIA (numero total certamente subestimado), 20 espécies (40%) tinham seus nomes científicos equivocados... Para mim ficou claro que estes fatos estão na superfície de um estudo de impacto ambiental feito no mínimo sem a prática do cuidado e por profissionais sem competência na área.

Blábláblá descarado isso de “padrões de sustentabilidade do Grupo EBX” ou Eike Batista X. Beneficiado pelo programa de privatização do governo anterior (PSDX), Mister X estendeu a CIA Vale do Rio Doce mundo afora, inclusive Canadá. A VALE-INCO acaba de ser condenada pelo governo canadense à multas milionárias pela contaminação de cidadãos da mais populosa província do país: Ontário. Para os que escrevem em inglês, maiores informações e detalhes pelo endereço diana.wiggins@gmail.com.

No Rio de Janeiro, entre 12 a 15 de abril, ocorreu o I Encontro Internacional das Vítimas da Vale do Eike Batista. Se o megaestaleiro da OSX, empresa do mesmo grupo, for instalado em Biguaçu, os moradores daquele município e de toda a Grande Florianópolis já podem ir se informando como participar do próximo encontro pelo endereço: caravanaminas@yahoo.com.br, através do qual poderão conhecer, inclusive, quais são as ações mitigatórias e compensatórias incabíveis das empresas do grupo de Eike Batista.

Entre outras Bagatelas, a mais estúpida ameaça ambiental brasileira desde a Transamazônica da ditadura militar tem gerado muitos boatos contra o Presidente Lula e a campanha à presidência de sua candidata Dilma Rousseff.

Nos próximos comentários aos itens da resposta de Simone Rabello ao leitor Júlio César Cardoso do O Globo, saiba como a oposição ao atual governo vem aproveitando a ameaça para tirar vantagem eleitoral em Santa Catarina. E como alguns Petistas manés (da Ilha, a antiga Desterro) e de outras regiões do estado, caíram nesta armadilha que poderá eliminar do mapa o mais importante polo turístico da região sul do Brasil e acabar com raça do PT na terra de Jorge Bornhausen.  


* Artigo citado:

Estaleiro em Biguaçu
Por Julio Cesar Cardoso


Considerações acerca da implantação de estaleiro da empresa OSX na cidade de Biguaçu, na Grande Florianópolis. Sob a falaciosa argumentação esperta daqueles que só visam à exploração lucrativa inconsequente, sem se preocuparem com a vida e os aspectos do meio ambiente, grupos privados ou políticos gananciosos deveriam ser mais responsáveis com as condições naturais das cidades litorâneas. Não haverá dinheiro que pague a degradação de uma região costeira com repercussão negativa à sua fauna marinha e à vida saudável de seus habitantes.

Esse pseudo "progresso desenvolvimentista" regional alegado, de abertura de emprego, aumento de arrecadação, incremento comercial, desenvolvimento econômico e tecnológico etc., com impacto irreversível na natureza, nada mais é do que uma falsa bandeira defendida por aqueles que demonstram não ter compromisso com a integridade e respeito da saúde do meio ambiente, cujas consequências negativas são hoje uma realidade. Há muitas regiões costeiras ainda inóspitas pelo Brasil, afastadas dos centros urbanos, que deveriam ser aproveitadas para essas indústrias navais. Por que logo na costa catarinense, tão bela e própria para a exploração da indústria turística? Não há dinheiro que pague a degradação do meio ambiente de uma região litorânea de características próprias ao turismo. Chega de tanta degradação. Planejamento sustentável do litoral, como de outras áreas, é uma forma dissimulada de enganar incautos, e já conhecemos as suas consequências nefastas no Brasil.

O nosso litoral urbano não pode se transformar mais em áreas de polos industriais degradantes para abrigar o falso progresso e o interesse capcioso de grupos empresariais e políticos. Não basta a especulação imobiliária irresponsável, gananciosa, degradante de cidades como Balneário Camboriú, uma vergonha, cuja administração pública (Prefeitura e Câmera de Vereadores) é conivente com um aumento populacional incompatível com a sua capacidade de responder com infraestrutura básica à necessidade vital da cidade, a qual tem demolido morros para poder atender à sua frota de carros fixos e de fluxo temporário, quando deveria, para manter a sua qualidade de vida, se preocupar com o seu limite populacional sem degradar o seu meio ambiente. A própria capital catarinense, Florianópolis, é hoje um exemplo negativo do "pseudoprogresso" com seus graves problemas urbanos e sociais.

Retirado do site Artigonal
http://www.artigonal.com/noticias-e-sociedade-artigos/estaleiro-em-biguacu-2852483.html

Publicado em O Globo em 20.7.2010.
http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2010/07/20/beleza-ameacada-917194309.asp

Estaleiro em Biguaçu NÃO!

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